Que o mundo não para de evoluir é algo que já estamos exaustos de ouvir. E que com essa evolução, geralmente ganhamos novos desafios.

Uma coisa que é possível notar é que as mudanças que o mercado de TI, especialmente para desenvolvedores, mudou e bastante. Neste texto eu pretendo trazer para você uma reflexão do que foi a vida do Tiago desenvolvedor júnior e o que eu noto de desafio para um júnior em 2025.

Contexto do Mercado

Antes de falar como foi a minha vida, acho interessante entendermos quais são os principais ciclos que passamos durante essa janela de 10 anos que vivemos na área de TI. Eu vou dividir em 3 grandes momentos, pensando em simplificar as grandes mudanças que existiram no mercado:

Se fossemos resumir, podemos dizer que com o passar dos anos deixamos de ser coadjuvantes em muitas empresas e segmentos de mercado, passando a sermos vanguarda de inovação e base importante para operação.

Com isso claro, as demandas aumentaram, o nível de qualidade exigido passou a ser maior e o profissional iniciante hoje em dia precisa muitas vezes ter um leque maior de conhecimentos e experiências para atuar.

O Júnior de 2015

Aqui acho interessante contar um pouco mais da minha ótica, como alguém que realmente era Júnior nesta época. Então deixa eu te dar um pouco mais de contexto do quem eu era:

Imagine um jovem que sempre morou com os pais, vivendo em uma cidade com talvez menos de 10 mil habitantes no litoral do Rio Grande do Sul. Com conhecimentos de tecnologia web e com a mais absoluta vontade de entrar no mercado. Quais os caminhos que eu possuía disponíveis para mim?

• Trabalhar remoto? Não, isso era considerado um luxo para profissionais com conhecimento e confiabilidade altamente qualificadas.
• Trabalhar para uma empresa local? Não era viável, as poucas empresas que existiam na região ou não tinham vagas, ou trabalhavam com tecnologias nas quais eu não via futuro (foi mal Delphi, mas essa era minha opinião).
• Me mudar e ir para um centro urbano maior em busca de oportunidades? Basicamente uma das poucas soluções viáveis.

Dados este contexto, é possível entender por qual motivo muitos processos seletivos terminaram em derrota. Quem vai querer contratar um Júnior de uma cidade pequena, para ele se mudar e talvez dar tudo errado?

Indo além destes desafios, arrisco a dizer que em relação a requisitos técnicos, a coisa era mais simples. Quase sempre era exigido conhecimento das linguagens de programação e uma ou outra biblioteca, JQuery principalmente.

A exigência de bibliotecas, frameworks e ferramentas para desenvolvimento geralmente eram conhecimentos desejados em devs plenos e seniores.

O Júnior de 2025

Entrar na área de programação hoje pode parecer mais difícil e competitivo do que nos anos anteriores, ao mesmo tempo que o remoto possibilitou termos acesso a muito mais oportunidades, também aumentou nossa concorrência, pois disputamos com todos.

Entenda que nesta minha abordagem eu irei descartar vagas de júnior com “5 anos de experiência”, pois a minha intenção é comparar vagas de entrada no mercado de TI. Esses erros de RH não devem dificultar nossa análise.

O desenvolvedor júnior de hoje, ele precisa ter um perfil muito mais pró-ativo, sendo requisitado dele uma capacidade de prover respostas de qualidade para seus desafios. Afinal, vivemos em uma era em que um prompt em uma IA pode fornecer para você um arquivo de configuração do Docker, ou as etapas para criar um projeto com Laravel em poucos segundos.

Uma coisa que é importante notar nas vagas atuais é que existe uma exigência maior em relação às bibliotecas e também em relação a experiências, que neste caso não estão sendo work experiences e logo podem ser comprovadas com projetos pessoais, portfólios ou contribuições em projetos open source.

Considerações Finais

O mercado mudou conforme o conhecimento e as ferramentas se tornaram mais acessíveis. Hoje a busca é por profissionais que, mesmo iniciantes, tenham um perfil prático e executor, com a capacidade de performar dentro das expectativas e não tenha medo de tentar, errar, aprender e evoluir.

Antigamente, entrar nesta área envolvia estar na região certa, com o conhecimento certo e disputar poucas vagas com talvez poucos candidatos. Hoje tudo escalou e cresceu.

Nada sobrevive à evolução, tudo muda e esse é o lado bom da vida.